Dizem que existe diferença entre casa e lar. Que lar é o local em que há aconchego, companheiros e amor, e casa é apenas um refúgio de madeira e alvenaria. Então sempre morei em casa, mesmo rodeada de pessoas, nunca me senti conectada com o outro e a solidão, sempre foi minha fiel companheira. A beleza de um lar com decoração da moda, um jardim bem cuidado e fartura no pomar e na horta, agrada apenas aos olhos porque é a doçura das ações que encanta a alma, e isto foi o que me faltou desde a gestação.
Às vezes chego a pensar que pessoas como eu, são predestinadas a carregar um peso transgeracional nesta vida, enquanto para outros, a vida é uma eterna festa, aos olhos de quem sente o fardo de viver nas costas. A minha vida sempre foi transpor um obstáculo a cada dia, sem apoio de ninguém, refugiando na leitura, a terapia que tinha no momento, graças as bibliotecas públicas. Pelo fato de não ter tido acolhimento em minhas dúvidas pueris, enxerguei os livros como mestres que falam diretamente ao nosso coração e em cada página, um ensinamento que carregaremos para o resto de nossa vida. Ás vezes, o livro que estamos lendo, não esclarece a dúvida do momento, mas trás outros ensinamentos e com o avançar das leituras, as dúvidas são respondidas.
O homem organizou a natureza e deu-lhe o nome de jardim, o que é desnecessário porque os vegetais acalmam, não importa se perfeitamente organizados ou alheatoriamente espalhados na calçada, em terrenos baldios. Toda a criação divina acalma, o verde, o vai e vem das marés, o manto azul celestial, e mesmo sabendo que moro dentro de mim, nada disso me alegra. Eu falhei quando permite que os pássaros da tristeza, fizessem ninhos sob minha cabeça, e ainda mais, ao permitir que gerações e gerações de passarinhos continuam a criar o seus filhotes. Admito que sou culpada, pois não me permito levantar os olhos para o céu e contemplar a imensidão do universo, fixo meu olhar no lixo produzido pelo homem, sempre a lamentar a dureza da vida.
Preciso ouvir música de qualidade, música folclórica, que expressa o desenvolvimento de uma cultura. Sei que são as experiências negativas que têm mais impacto para a sobrevivência, a questão que aflige minha alma é encontrar o equilíbrio entre o positivo e o negativo, parece que eu tenho um imã que atrai situações ruins. Pelo que seu, no Budismo, o sofrimento é resultado de três grandes venenos: ilusão, ódio e ganância, tenho os três na teoria, porque na prática, o que realmente eu sou capaz de fazer com eficiência é reclamar e culpar os outros pelos meus fracassos. Falta-me a força e a persistência para lutar pelas oportunidades que circulam por aí. Sonhar com um futuro próspero e feliz, não leva o sujeito a lugar nenhum, é no momento presente que estão as oportunidades de trabalho, o amor e a felicidade.
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