Confusa, sem ter a quem recorrer,
Rosalina folheou displicentemente um livro
e uma frase de Maria Lucia Santaella lhe chamou a atenção: “Experiência
é o que o fluxo da minha vida me fez
pensar” – Eureka! Gritou. - É isso!
Quando for questionada sobre o curso, explanarei sobre a minha chegada ao curso: sem expectativas,
apenas aberta ao novo, assim, falarei somente das atividades que me fizeram
pensar. E, durante uma longa semana, leu
e releu o seu caderno de anotações em
busca de inspiração e concluiu que:
I-
O conhecer a metodologia da Justiça Restaurativa, seus princípios a fez
pensar o quanto a nação brasileira ainda tem por aprender
com sabedorias milenares e,
principalmente, o quanto esta
modalidade de resolução de pequenos conflitos poderá contribuir para
evitar males maiores;
II
– Encantou-se também com o ritual do círculo restaurativo. A importância do
centro que é um espaço para o refúgio do olhar em momentos de grande
tensão. O cuidado com a escolha da
atividade para o centramento, para que não ofenda nenhum participante. E principalmente,
a responsabilidade na elaboração das
perguntas restaurativas/reflexivas, para que levem a reflexão e o entendimento
do conflito, a harmonização das
relações, a costura do tecido social;
III
– As atividades, que aparentemente eram apenas
lúdicas, foram as que mais lhe proporcionaram reflexões profundas sobre
a dificuldade de pessoas universitárias, profissionais competentes em definir
conceitos de palavras comumente
utilizadas em todas as camadas da sociedade: paz, guerra,
amor, conflito. Palavras estas já tão gastas,
em que ela acreditava ter
discernimento, porém, não foi capaz de
respondê-las, e em seu entendimento, são estas vivências que desenvolve a habilidade de ver o cerne da questão.
IV
- Conhecer as cinco linguagens do amor –
palavras de afirmação, qualidade do tempo, serviço, toque, presente – a fizeram
refletir sobre o quanto esta informação é curativa para sentimentos de
rejeição. A mídia, a literatura para
jovens românticos enfatiza a expressão “ eu te amo” e o “beijo” como as mais
importantes formas de demonstrar amor e, jovens que são profundamente amados por
seus genitores, se voltam contra eles por
não ter conhecimento das várias
maneiras de demonstrar o amor. Resgatar uma lembrança afetiva e
compartilhá-la levou-a a refletir sobre como as pessoas sentem e pensam de maneiras diferentes;
V-
O ápice das atividades práticas, em seu entendimento, foi a experiência de falar sobre o objeto que está em seu poder há muito
tempo, porque a fez pensar no valor dos artefatos, o que é importante para um
não é para outro, que para uma pessoa, uma pedra é apenas uma pedra, já para
outrem, é o seu passado, sua história e que a origem de muitos conflitos
domésticos, está em não perceber o valor
que as outras pessoas dão às suas
coisas;
VI-
Rosalina ficou profundamente marcada ao
participar do círculo do silêncio, no qual, os participante somente poderiam se
comunicar por meio dos objetos que estavam no centro, sem o uso da fala e recursos de mímica. Uma atividade que
qualquer criança executaria com facilidade e alegria, a deixou sem ação, sem
saber o que fazer e a fez percebe o quando está condicionada à fala e limitada a sua criatividade diante de uma
situação inusitada.
VII
- Outra percepção importante foi a
proposta em que a facilitadora orientou que cada grupo pensasse em três atividades exequíveis para criação de uma cultura de paz, na rotina
diária e compartilhasse com os outros grupos. Foi um fracasso geral!
Profissionais liberais, apresentaram
sugestões gerais de responsabilidade dos governantes: “ mais segurança, melhoria na qualidade do ensino e saúde.” Após a plenária,
Rosalina perdeu-se em pensamentos. – Fácil
é delegar as responsabilidades aos outros, quando ela é de todos. Ninguém foi capaz de sugerir:
a-
sentar para conversar sobre as dores, ao invés de gritar e culpar o outro;
b-
oferecer um copo d’água a um idoso com dificuldade de locomoção;
c-
orientar as crianças e não puni-las regularmente em suas peraltices diárias;
d-
Não contar piadas que ofendam seguidores de
algumas religiões e grupos étnicos;
f-
Não compactuar de calúnias e difamações;
g
– Aprender a ceder para evitar atrito em espaços comunitários;
h-
Não compartilhar mensagem em que alguém está em situação vexatória e
outras pequenas atitudes diárias....
VIII
- Tão importante quanto ouvir sem julgar, é saber elaborar
perguntas que levem os participantes a
refletirem sobre o cerne do mal que os aflige e saber escolher as
palavras certas para encerrar a roda. Embora estas atividades foram extremamente
criticadas por inúmeros participantes,
responsáveis pela grande evasão, no entendimento de Rosalina, elas sim, é que alicerçarão a prática diária de círculos restaurativos porque resgataram a humanidade dos participantes
porque a fizeram pensar sobre as dificuldades
que as pessoas têm em lidar com as mazelas diárias, que embora pequenas,
quando ruminadas se tornam grandes e passíveis de consequências fatais.
Você que leu este post, por favor, deixe o
seu comentário e compartilhe a sua
sugestão para o desenvolvimento de uma cultura de paz em seu
lar. Gratidão!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário