quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Ficha de avaliação



        Confusa, sem ter a quem recorrer, Rosalina folheou displicentemente um livro  e  uma frase de  Maria Lucia Santaella lhe chamou a atenção: “Experiência é o que o fluxo da minha vida  me fez pensar” – Eureka! Gritou. -  É isso! Quando for questionada sobre o curso, explanarei sobre  a minha chegada ao curso: sem expectativas, apenas aberta ao novo, assim, falarei somente das atividades que me fizeram pensar. E, durante uma longa semana,  leu e releu  o seu caderno de anotações em busca de inspiração e concluiu que:
I- O conhecer a metodologia da Justiça Restaurativa, seus princípios a fez pensar  o quanto   a nação brasileira ainda tem por aprender com   sabedorias milenares e, principalmente, o quanto esta   modalidade de resolução de pequenos conflitos poderá contribuir para evitar  males maiores;
II – Encantou-se também com o ritual do círculo restaurativo. A importância do centro que é  um espaço  para o refúgio do olhar em momentos de grande tensão. O cuidado com a escolha  da atividade para o centramento, para que não ofenda nenhum participante. E principalmente, a responsabilidade  na elaboração das perguntas restaurativas/reflexivas, para que levem a reflexão e o entendimento do conflito, a  harmonização das relações, a costura do tecido social;
III – As atividades, que aparentemente eram apenas  lúdicas, foram as que mais lhe proporcionaram reflexões profundas sobre a dificuldade de pessoas universitárias, profissionais competentes em definir conceitos de palavras  comumente utilizadas  em  todas as camadas da sociedade: paz, guerra, amor, conflito. Palavras estas já tão gastas,   em que  ela acreditava ter discernimento, porém, não foi capaz  de respondê-las, e em seu entendimento, são estas vivências  que desenvolve a  habilidade de ver o cerne da questão.
IV -  Conhecer as cinco linguagens do amor – palavras de afirmação, qualidade do tempo, serviço, toque, presente – a fizeram refletir sobre o quanto esta informação é curativa para sentimentos de rejeição. A mídia,  a literatura para jovens românticos enfatiza a expressão “ eu te amo” e o “beijo” como as mais importantes formas de demonstrar amor e, jovens que são profundamente amados por seus genitores, se voltam contra eles por  não ter conhecimento das várias  maneiras de demonstrar o amor. Resgatar uma lembrança afetiva e compartilhá-la levou-a a refletir sobre como as pessoas  sentem e pensam de maneiras diferentes;
V- O ápice das atividades práticas, em seu entendimento, foi a experiência  de falar sobre  o objeto que está em seu poder há muito tempo, porque a fez pensar no valor dos artefatos, o que é importante para um não é para outro, que para uma pessoa, uma pedra é apenas uma pedra, já para outrem, é o seu passado, sua história e que a origem de muitos conflitos domésticos, está  em não perceber o valor que as outras  pessoas dão às suas coisas;
VI- Rosalina  ficou profundamente marcada ao participar do círculo do silêncio, no qual, os participante somente poderiam se comunicar por meio dos objetos que estavam no centro, sem o uso da fala e  recursos de mímica. Uma atividade que qualquer criança executaria com facilidade e alegria, a deixou sem ação, sem saber o que fazer e a fez percebe o quando está condicionada à fala e  limitada a sua criatividade diante de uma situação inusitada.
VII - Outra percepção importante  foi a proposta em que a facilitadora orientou que cada grupo  pensasse em três  atividades exequíveis  para criação de uma cultura de paz, na rotina diária e compartilhasse com os outros grupos. Foi um fracasso geral! Profissionais liberais,  apresentaram sugestões  gerais de responsabilidade  dos governantes:  “ mais segurança, melhoria  na qualidade do ensino e saúde.” Após a plenária, Rosalina  perdeu-se em pensamentos. – Fácil é delegar as responsabilidades aos outros, quando  ela é de todos. Ninguém  foi capaz de sugerir:
a- sentar para conversar sobre as dores, ao invés de gritar e  culpar o outro;
b- oferecer um copo d’água a um idoso com dificuldade de locomoção;
c- orientar as crianças e não puni-las regularmente em suas peraltices diárias;
d- Não contar piadas que ofendam seguidores de  algumas religiões  e grupos étnicos;
f- Não compactuar de  calúnias e difamações;
g – Aprender a ceder para evitar atrito em espaços comunitários;
h- Não compartilhar mensagem em que alguém está em situação vexatória e outras  pequenas atitudes diárias....
VIII -  Tão importante quanto  ouvir sem julgar, é   saber  elaborar perguntas  que levem os participantes a refletirem sobre  o cerne do  mal que os aflige e saber escolher as palavras certas para encerrar a roda. Embora estas atividades foram extremamente criticadas por  inúmeros participantes, responsáveis pela grande evasão, no entendimento de Rosalina, elas sim,  é que alicerçarão a prática diária  de círculos restaurativos porque  resgataram a humanidade dos participantes porque a fizeram pensar sobre as dificuldades  que as pessoas têm em lidar com as mazelas diárias, que embora pequenas, quando ruminadas  se tornam  grandes e  passíveis de consequências fatais.

Você que leu este post, por favor, deixe  o seu comentário e compartilhe  a sua sugestão para o desenvolvimento de uma cultura de paz  em  seu lar. Gratidão!!!

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