terça-feira, 28 de março de 2017

Triste sina

                      O que pode ser mais triste do que a sina dos trabalhadores do Brasil, quando vão reivindicar o  suado direito  da aposentadoria? A resposta mais plausível  é a fila do desemprego. Sim!  Estes dois fantasmas persistentes, rondam  os brasileiros desde a adolescência. Quando não é um, é o outro tocando o terror. Muitos entregam a sua alma cansada ao criador, sem terem usufruído do  benefício de retirar mensalmente de sua conta, seu minguado recurso, que mal dá para os remédios  para amenizar os sintomas das doenças psicossomáticas, adquiras em virtude do desgaste emocional na luta para  vencer a burocracia e morosidade do INSS, para a concessão do direito adquirido com muito suor, e, ao que tudo indica, com Diana não será diferente!
         Diana começou a trabalhar aos 18 anos de idade, recebendo um terço do salário mínimo, sem registro em carteira, com uma jornada de  oito horas diária, seis dias por semana. Ficou nesta vida durante dois anos. Enfrentou dois de  busca contínua por uma ocupação e, finalmente,  encontrou a oportunidade que merecia! Um salário mínimo,  jornada  quarenta e oito horas semanais, registro em carteira, e contribuição previdenciária, mas sua alegria durou apenas dois a anos e, mais uma vez, se viu trabalhando  sem  pagamento digno e benefícios garantidos por lei.  Mas não desistiu da luta!
         Após dois longos e  humilhantes anos, começou a trabalhar em uma empresa que valoriza os funcionários, foi um período de abundância, porém,  Diana não soube dar valor e abdicou  de todos os benefícios e segurança  para investir em uma carreira que, ingenuamente, acreditava que lhe traria  realização profissional. Foi o começo de seu fim!  Nesta nova jornada, sofreu continuamente assédio moral e outros dissabores. Viu minguando dia-a-dia o seu entusiasmo profissional e a sua alegria de viver e, quando acreditava, que finalmente, seu martírio chegara ao fim, teve início outro, a dura e longa jornada para conseguir se aposentar e se ver livre de uma vez do inferno que é o seu trabalho.
         Lá se vão sete anos e Diana  na luta para cumprir a carta de exigência do INSS.  O desgaste emocional e financeiro é tamanho que Diana desenvolveu doenças psicossomáticas e teme não resistir por muito tempo e partir antes de  poder finalmente viver tranquilamente, sem ter que acordar às cinco horas da manhã, com sol ou chuva, calor ou frio. Seus sonhos são tão pequenos! Acordar sem despertador,  não ter que enfrentar  ônibus lotado. Aos 65 anos de idade, após 47 de trabalho, ela merece descanso!

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