Tenho ciência de como sou insignificante para as pessoas com quem
me relaciono. Tenho ciência que não formei laços de afetos fortes nas
searas que percorri, assim, as poucas pessoas que tenho endereço, já que
não posso dizer que tenho contato, porque elas nunca enviam
mensagem, procuram saber de mim nem
curtem as minhas redes sociais, sempre eu que tomo a iniciativa,
porém, migalhas é melhor do que nada e para lembrá-las que eu ainda
existo, decidi agir à moda antiga e enviar um cartão de natal
para cinco.
Mas porque
exatamente cinco? Simples. Encontrei uma promoção de cartões ao valor de um real, com envelope, e como eu
tinha exatamente cinco reais, efetuei a compra. O critério de escolha para o envio foi o tempo de ausência e distância. Tudo pronto,
partir para os Correios e aí, percebi que o transporte saiu
mais que o dobro do preço do produto. Em
selos, gastei onze reais e setenta e
cinco centavos, aí somado aos dez reais de passagem urbana, e a empada que comprei, ao final, totalizaram trinta
reais e vinte e cinco centavos.
Na ponta do lápis, cada cartão saiu a um
custo de seis reais e cinco centavos. Em tempos de WhatsApp,
fiquei a pensar se valeu a pena
o investimento? Se o custo valerá o benefício? Será que o recebimento de um cartão impresso suscitará alguma lembrança dos idos tempos em
que a conversa presencial era a melhor forma de demonstrar e amizade? São apenas especulações de uma pessoa
carente, em busca de migalhas de afeto! Fato
é que eu sou realmente só e como sempre,
passarei as festas de final de ano sozinha, mas como a esperança é a última que morre, quem sabe, uma pessoa
entra em contato para agradecer o cartão, talvez, pelo susto de receber uma
correspondência impressa.
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