quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Cartões natalinos

                

     Tenho ciência de como sou insignificante para as pessoas com quem me relaciono. Tenho ciência que não formei laços de afetos fortes  nas searas que percorri, assim, as  poucas pessoas que tenho endereço, já que não posso dizer  que tenho contato, porque elas nunca   enviam mensagem, procuram saber de mim nem  curtem as minhas redes sociais, sempre eu que  tomo a iniciativa, porém, migalhas é melhor do que nada e  para lembrá-las que eu ainda existo, decidi  agir à moda antiga e enviar um cartão de natal  para  cinco.

    Mas porque exatamente cinco? Simples. Encontrei uma promoção de cartões  ao valor de um real, com envelope, e como eu tinha exatamente cinco reais, efetuei a compra.  O critério de escolha  para o envio foi  o tempo de ausência e distância. Tudo pronto, partir para  os   Correios e aí, percebi que o transporte saiu mais que o dobro  do preço do produto. Em selos, gastei   onze reais e setenta e cinco centavos, aí somado aos dez reais de passagem urbana, e a  empada que comprei, ao final, totalizaram trinta reais e vinte e cinco centavos.

       Na ponta do lápis, cada cartão saiu a um custo de seis reais e cinco centavos. Em tempos de   WhatsApp,  fiquei a pensar se  valeu a pena o   investimento?  Se o custo valerá o benefício? Será que  o recebimento de um cartão impresso  suscitará alguma lembrança dos idos tempos em que a conversa presencial era a melhor forma de demonstrar e amizade? São  apenas especulações de uma pessoa carente,  em busca de migalhas de afeto! Fato é que eu sou realmente só e  como sempre, passarei  as festas  de final de ano sozinha,  mas como a esperança  é a última que morre, quem sabe, uma pessoa entra em contato para agradecer o cartão, talvez, pelo susto de receber uma correspondência impressa.

 

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