Meu coração está tão nublado quanto este dois de dezembro de 2021 e existe uma razão para isso. Sou uma pessoa de planejamento, e planejamento em longo prazo, como toda pessoa pobre porque para conseguirmos uma coisa, precisamos abrir mão de outra. Já no primeiro dia do mês, enviei uma mensagem a uma amiga, convidando-a para passar o natal ou a virada do ano comigo e hoje chegou a resposta, ela não virá.
Para algumas pessoas, uma resposta negativa, nestas circunstâncias seria um alívio, uma pessoa a menos para comer e sujar louça, mas para mim, a recusa abriu uma ferida antiga. Na infância, sonhei participar de comemoração natalina, vivia com minha família, ou seja, tinha pessoas à minha volta, mas não havia o costume de comidas típicas de natal, nem de ir à missa do galo. Às vésperas da chegada do Menino Deus ao mundo, antes de dormir apenas rezava o terço e no dia 25 de dezembro, o almoço do domingo tradicional, ou seja, havia carne à mesa. Já na fase laboral, quando eu tinha dinheiro, não tinha tempo pois estava na escala de trabalho e quando tinha tempo, não havia dinheiro.
Hoje as coisas mudaram, tenho todo o tempo do mundo para festejar, dinheiro para uma comemoração simples, sem requinte, mas falta o mais importante: pessoas para celebrar. Na ânsia de ganhar à vida, de viver o sonho de ser o primeiro, o melhor, não fortaleci laços de amizades, não constitui família e perdi o vínculo a minha família original. Tudo passou: o trabalho, os namoros, as amizades superficiais e fique só, profundamente só.
Se algum leitor também não tem com quem celebrar as benções recebidas em 2021, deixe o seu comentário e se possível, uma sugestão para amenizar a solidão da velhice.
João Francisco.
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