Eram outros tempos! A família de Rosalina estava de mudança para a fazenda Barreiro, o seu primeiro
pedaço de chão. As terras foram vendidas a um preço bem abaixo do mercado
porque os antigos proprietários eram supersticiosos e acreditavam que o monstro
que guardava o tesouro enterrado debaixo do assoalho da sala da casa não os queria lá porque
não os deixava dormir a noite. De meia-noite às cincos horas da manhã, cancelas,
porteiras, portas abriam e fecham incessantemente, e o
som ensurdecedor de gritos de dor e de correntes sendo arrastadas, obrigava os moradores a irem repousar com os
animais no estábulo. Outro mistério que os intrigava era a cor das janelas: vermelho sangue. E inúmeras foram as tentativas de pintá-las, não importava a cor utilizada, ao
primeiro raio de sol, o vermelho parecia
ainda mais vivo. Era assustador! Não havia explicação científica para o
fenômeno, e o que a ciência não explica o povo se encarrega de fazê-lo, à sua
maneira e muitas histórias eram contadas, mas não intimidaram João
Francisco Silveira e ele fechou o negócio; era uma oportunidade única, bom preço, terra boa, própria para a agricultura
e criação de gado leiteiro. A casa era bem grande, com
beira e eira, quatro quartos,
sala de visita, sala de jantar, cozinha, dispensa, quarto de despejo, varanda e
alpendre, era bem velha, já tinha mais de cento e cinquenta anos, porém,
atendia as necessidades da família que apesar de ser composta apenas de três pessoas, precisava de espaço para trabalhadores nos dias de marcação
de gado, plantio, colheita e visita de
parentes. Ele estava satisfeito com o negócio e
a sua senhora, apavorada, já prevendo as dificuldades que enfrentaria na
nova morada. Quanto à filha do casal, em
sua ingenuidade, estava ansiosa para
encontrar o tesouro enterrado e enfim, poder se cobrir de jóias como uma
princesa dos contos de fadas.
Naqueles idos tempos, na zona rural, o
transporte mais seguro para fazer uma mudança era o carro de boi. Amigos e
vizinhos foram chamado e enquanto
desmontavam móveis e embalavam os pertences, a matriarca da família seguiu na frente, partiu logo ao amanhecer, de charrete,
em sua companhia, ia a filha e a cunhada, para limpar a casa, que já estava desabitada há uns dois anos.
Temerosas, as duas mulheres ao
adentrar a casa, rezaram o terço,
lavaram paredes e pisos com sal grosso, e plantam no jardim, arruda, espada de São Jorge, guiné, comigo ninguém.
Também colocaram em todos os cômodo da casa, uma imagem de Nossa Senhora
Aparecida para reforçar a proteção. Não esqueceram o casal de gatos,
e dois cestinhos confortáveis foram colocados na sala, para que os
bichanos absorvessem as energias
negativas do ambiente. Ao entardecer, os homens
chegaram, lamparinas e velas foram acessas e foi um alvoroço. Na cozinha, as mulheres
preparavam a comida enquanto os homens
se encarregavam de botar tudo no lugar e
cuidar dos animais que estavam cansados
da viagem e assim foi até a estrela d’alva desaparecer do céu. Os primeiros raios de sol aqueceram
os homens na estrada em retorno ao lar e
a família, enfim, pode repousar um
pouco. Dormiram até o meio-dia, acordaram
com os cachorros latindo,
pareciam estar acuando algum
animal embaixo do assoalho. Sem demonstrar temor, João Francisco pegou a
espingarda e foi ver do que se tratava
enquanto sua esposa passava as contas do rosário com os dedos trêmulos implorando
por proteção divina. Rosalina observava tudo com a curiosidade peculiar
de toda criança, porém, não arriscava a
perguntar o que estava
acontecendo porque já sabia a resposta: - quieta, isto não é assunto para
menina da sua idade. - O patriarca da família
foi em busca do inimigo, mas nada encontrou, concluiu que poderia ter
sido um rato ou uma cobra que atiçara a cachorrada, disparou uma vez para dispersá-los e retornou
a sua sesta; o dia transcorreu sem maiores novidades e na hora de irem dormir, a matriarca sugeriu
que Rosalina dormisse com o casal
alegando ser a primeira noite na casa e
era melhor que todos estivessem juntos. Não foi necessário mais argumentos
porque não encontrou oposição da parte
de seu esposo. Foi uma noite tranquila e ao amanhecer, o casal concluiu que as
histórias não passavam de lendas rurais ou de intrigas dos inimigos para
desvalorizar a propriedade.
A primeira semana na fazenda não foi
fácil, uma verdadeira romaria de vizinhos, com o pretexto de levar
uma quitanda, oferecer ajuda e
amizade, e claro, alertá-los sobre o perigo de continuar na casa, o melhor
seria que construísse outra, lá para as bandas do riacho, e narravam à sua maneira, a tragédia que
envolveu os primeiros proprietários,quando estes foram expulsos da região,
acusados de envolvimentos com feitiçaria e segundo os mais antigos, o que
agravou a situação foi o fato de terem criado um monstro para proteger o seu tesouro, pois não acreditavam na
honestidade dos homens, assim dizia o povo. No dia em que a família foi expulsa, o ancião amaldiçoou a casa e ordenou
à sua cria, o monstro invisível, que
pintasse a janela com o sangue das vítimas inocentes que tombaram
em decorrência da violenta desocupação, principalmente, que as
mantivesse sempre com esta cor para que a
injustiça, a qual foram alvo,
jamais fosse esquecida. Também lhe ordenou que nunca permitisse que algum aventureiro se
apossasse de seu tesouro, que estava
destinado aos seus descendentes da
sétima geração. Assim dizia o povo, finalizavam
a narração. Rosalina não sentia medo
das histórias contadas pelos vizinhos, e a cada nova versão do fato, sua
curiosidade aumentava, mas a mãe não lhe tirava os olhos e ela não podia investigar. Por prudência ou por falta de tempo, não se sabe, fato é
que os novos moradores não se
aventuraram a procurar o tesouro nem a
pintar as janelas com outra cor e assim se transcorrem duas colheitas do
algodoeiro na mais perfeita harmonia.
As visitas diminuíram e a vida seguia o
seu curso até o dia do vendaval que destelhou a casa, arrancou as janelas e muitos outros estragos, então, João Francisco decidiu que o melhor seria uma reforma completa, contratou mão de obra
especializada, comprou material e deu
início a reforma.
Os trabalhos iam bem, sem nenhum imprevisto ou acontecimento sobrenatural, o medo
desapareceu e em seu lugar surgiu à
ganância e o desejo de enriquecimento
rápido, os trabalhadores não pensavam em outra coisa, senão no tesouro
enterrado e aproveitando o dia em que os
proprietários foram a cidade comprar
matérias que faltavam e mantimentos, eles deixaram o trabalho de lado,
arrancaram as taboas do assoalho da casa, e puseram-se a cavar freneticamente
com a força que somente uma ambição desenfreada é capaz de proporcionar. Após
uns sete minutos de trabalho, ouviu-se o
primeiro grito de dor. O chefe dos trabalhadores parecia ter enlouquecido, lutava com
um inimigo invisível, implorava que parassem de surrá-lo; quando marcas de chibata surgiam em seus braços e rosto,
sem que ninguém visse o seu algoz é que perceberam a gravidade da situação e decidiram
socorro, porém, foram igualmente açoitados, e por mais que se
esforçassem, não conseguiam abandonarem
o local. O medo, o susto
e as dores não os permitiam raciocinar e elaborar uma estratégia para
fugir; até o Afonso, que se dizia ateu, clamou pela ajuda divina e ela veio pela boca do mais velho do grupo, que
propôs deixar tudo como estava e partirem o mais rápido possível. Quando bateram
o último prego no assoalho arrombado, o castigo cessou, eles
pegaram suas ferramentas com a promessa de nunca mais retornarem, mas um
corpo mole, grande e invisível os
impedia de avançar e por mais esforço que fizessem, não conseguiam dar um passo
adiante, pareciam estar cercados. Apavorados com impossibilidade de deixar o locar, gritaram, esbravejaram, chutaram o
imperceptível, imploraram e nada, clamaram providências divinas, mas nenhuma
ajuda veio do céu. Após horas de esforços inúteis, optaram por retomar o
trabalho para que o patrão não
percebesse que tentaram encontrar
o tesouro escondido e os levassem as
autoridades e trabalharam arduamente até o por do sol e aparentemente,
esqueceram o assunto.
Apesar dos protesto da esposa, João
Francisco optou por pintar a casa em
estilo colonial, paredes brancas e janelas azuis. Os profissionais contratados
recusaram o serviço alegando alergia à
tinta, inexperiência, entre outras desculpas esfarrapadas, que pudessem
encobrir o temor de novamente, provocar
a ira do monstro invisível. Sem a mão de obra necessária, João Francisco se
encarregou da pintura deixando as
janelas por último, que foram pintadas de azuis e azuis amanheceram. A notícia
se espalhou rápido. A vizinhança esqueceu os seus afazeres e marchou para uma
visita especulativa e como fato não explicado é fato comentado, não demorou a
que rumores sobre o fim da maldição fosse o assunto mais discutido nas rodas de
mexericos o que reacendeu o desejo de
uma verdadeira caça ao tesouro. Um grupo
de homens com espírito aventureiro e
pouca coragem, foram ao cartório certificar-se
que a atual família não era a
herdeira. Não foi difícil averiguar que
o nome do construtor da casa era:
João Pedro Emiroglu e sem uma
pesquisa genealógica profunda,
concluíram que os Silveiras não eram
descendentes do primeiro
proprietário, - “ era sim, o fim da maldição,” e sorriam satisfeitos, os
vizinhos gananciosos.
Para
roubarem o tesouro, era preciso afastar
a família, no mínimo, durante três dias. Dividiram-se em dois grupos. Um formado pelos homens mais
fortes e valentes responsáveis pela
caçada, que se ofereceriam para cuidar dos animais durante a ausência das
famílias viajantes, e o outro, dos amáveis e festeiros, que entreteriam
os Silveiras, o que não foi difícil porque Zé Agripino tinha um filho em idade de casar, e o mais rápido que pode, providenciou uma
noiva em um arraial distante, a um dia de viagem, e convidou João Francisco e a
senhora para padrinhos, deixando claro que não aceitariam um NÂO como resposta.
Tradicionalmente os casamentos se realizam na casa da família noiva, e a véspera do enlace, metade da vizinhança
partiu em seus lentos carros de boi. Com
o êxito do plano, o grupo dos “valentes”,
marchou em busca de riqueza fácil.
Cegados pela cobiça, ignoraram o
retorno da cor vermelhas as janelas, como a alertá-los do perigo
iminente e avançaram determinados a encontrar
o tesouro enterrado há quase dois séculos. Foram recebidos pelos dois
cachorros perdigueiros, que agiam como verdadeiros cães de guarda. Á medida que
iam se aproximando da porta da sala, o
barulho dos cães ia ficando
ensurdecedor, parecia uma verdadeira matilha enfrentando uma fera perigosa. Nada disso os
intimidou e o no instante em que o Senhor Tião, o chefe do grupo, pegou as ferramentas para
tentar arrombar a fechadura, foram jogados a uns dez metros de distância,
porém, não se renderam tentaram
novamente, e mais uma vez tiveram seu propósito frustrado. Na sétima tentativa, não conseguiram mais
avançar, pareciam cercados por milhares de
animais invisíveis que rosnavam furiosamente, impedindo-os de retomar o
seu intento ou as suas casas. A situação
inusitada perdurou até a hora mágica do crepúsculo, quando um silêncio
sepulcral caiu sobre o local. Cansados, sedentos e famintos, conseguiram retornaram aos seus lares e pelo
caminho, discutiam uma nova estratégia para vencer o inimigo
invisível.
Na alvorada do segundo dia de tentativa de caça ao tesouro, os ambiciosos
chegaram ao local carregando não somente
as ferramentas necessárias ao trabalho,
mas todos os amuletos de proteção encontrados em seus lares, nem a água
benta da bisavó fora esquecida. Confiantes em seus patuás, não recuaram diante do enorme monstro vermelho, de mais de
setenta metros de comprimento, com aparência de uma cobra píton-reticulada, que protegia a casa.
Determinados a conseguirem o tesouro a
qualquer custo, decidiram que atacariam com as picaretas ao mesmo tempo e assim, reduziriam a estranha criatura a mil
pedacinhos em frações de segundos. Ledo engano!
Já no primeiro ataque, os homens perceberem que a luta não seria fácil,
pois eles sentiam as dores decorrentes dos golpes; além de não
conseguirem o seu intento, porque o
corpo da criatura parecia ser de fumaça, se viram obrigados não só a recuar, mas também, a
esquecer do tesouro. Para não admitir a derrota perante os outros companheiros, alegariam que
desistiram do plano em respeito a um
dos Mandamentos da Lei de Deus “Não
roubar” e que temiam as chamas eternas
do fogo do inferno.
A família retornou e encontrou
a casa branca de janelas azuis, bastante empoeirada e o cheiro de mofo era forte. A poeira sob os
móveis, o odor desagradável, característico de ambiente sem ventilação, irritou
a matriarca e junto com a filha, iniciaram uma faxina pesada e João Francisco,
com receio que lhe incumbisse de algum reparo, alegou precisar vistoriar a
propriedade para ver se tudo estava em
ordem e partiu para a lida no campo.
Rosalina ajudava no que podia, era
apenas uma criança de sete anos, enquanto trabalhava, pensava nas histórias
sobre o tesouro e em como encontrá-lo. A água acabou e sua mãe precisou ir a nascente
para reabastecer os potes, então,
ela aproveitou para iniciar a sua busca. Não foi difícil, uma taboa do assoalho
estava solta e assim que a retirou, surgiu em sua frente, um simpático e
sorridente monstrinho vermelho, parecido com um filhote de pítion-reticulada, que se propôs ajudá-la. Ele sequer esperou que a
criança se recuperasse do susto
decorrente do encontro inusitado, e já lhe indicou o local exato onde ela devia
cavar. Ela pegou a picareta do pai e
começou a trabalhar. A terra estava dura, suas mãos ficaram cheias de bolhas de água, o
suor escorria em seu rosto, mas uma
força sobrenatural a fazia prosseguir, e
mais rápido do que o esperado, ela encontrou um pequeno cofre, retirou-o cuidadosamente, depois cobriu o
buraco com a terra, despediu-se do
monstrinho que a agradeceu por tê-lo libertado da difícil missão que lhe fora atribuída pelo seu criador e
desapareceu no ar como fumaça.
Rosalina não conseguiu abrir o cofre e
com medo da reação da mãe que temia os mistérios do universo,
escondeu-o em seu quarto e retornou aos seus afazeres com a inocência de um bebê em um sono profundo. O dia transcorreu sem
outra novidade. Após o jantar, enquanto a mãe lavava a louça, a pequena, com a
desculpa que vira um bicho em seu
quarto, pediu ao pai que fosse retirá-lo. Ele não negou e adentrou ao recinto
pronto para lutar contra qualquer inimigo para proteger a filha. A
criança confessou que mentira em relação
a bicho, queria apenas contar-lhe o que havia acontecido em sua ausência, não
esqueceu um só detalhe. João Francisco fez que acreditou, acariciou-lhe os cabelos e
disse estar orgulhoso de ser pai de uma
criança tão criativa, mas que já era hora dela dormir. Antes que o seu genitor se retirasse, Rosalina retirou
o cofre de seu esconderijo e com
as mãos trêmulas de emoção e curiosidade,
entregou-o ao pai. Estava trancado e eles não tinham a chave, mas o matuto,
acostumado a resolver todos os problemas da propriedade, vasculhou a sua
caixa de ferramenta e após infrutíferas
tentativas conseguiu abri-lo. Em seu
interior não havia a riqueza esperada -
O que é isso papai, indagou a criança. –
É um grande achado! O diário de João Pedro Emiroglu explicou o pai e ordenou
que chamasse a mãe urgente. A esposa chegou irritada e perguntou do que se tratava. Ao ver o diário o ar lhe faltou, e quase desfaleceu. As histórias da família passaram em sua mente como um filme. Não pode
ser! Então é verdade! Dizia a si mesma. O marido a acomodou e indagou a razão de
tamanha surpresa ao ver o diário. -Eu e minha filha somos descendentes do feiticeiro
construtor desta casa onde moramos! Sou filha de uma Emiroglu, fui registrada apenas com o
nome paterno de “Pereira” que
posteriormente, com o casamento fora trocado para “Silveira.”
O diário,
descrevia a aventura dos
Emiroglus, a partir do momento em que foram obrigados a deixar a Turquia em virtude de perseguições
políticas; os perigos durante a viagem a
bordo de um navio cargueiro,as
dificuldades na convivência com o povo
de outra cultura, que falavam outra língua, os preconceitos enfrentados, as
batalhas travadas para conseguirem as terras, e principalmente, o
imenso desejo de que a saga da família exilada
não se perdesse nas brumas do tempo. Consultaram o parente mais velho
da Senhora, e juntos, fizeram a árvore genealógica da
família e concluíram que Rosalina, era
sim, a primeira descendente da 7ª sétima
geração do imigrante João Pedro Emiroglu
e arquitetaram um plano para
atender o pedido do patriarca Emiroglu:
- A partir da filha, toda criança teria nome composto, sendo o segundo, “Emiroglu”.
Apesar de já ter completado sete anos de
idade, ainda não fora registrada em cartório,
e seria registrada como Rosalina Emiroglu da Silveira;
- Fariam um testamento doando a terra onde
viviam aos seus descendentes e que estas somente poderiam ser vendidas
pelos descendentes da 70ª geração de
Emiroglu;
-
As janelas seriam sempre pintadas de vermelho sangue;
-
Manteriam viva a lenda do monstro acrescentando sempre um novo episódio
horripilante a cada 25 anos;
-
A história da trágica desocupação deveria
ser fielmente repassada, de geração a geração; coube a João
Francisco a responsabilidade de
pesquisar a versão oficial da tragédia;
- A cada nova geração, um membro se
responsabilizaria pela escrita de um diário, que após a sua morte, deveria ser
enterrado junto ao primeiro;
-
Como não encontraram a fórmula usada por João Pedro que possibilitou a criação
do monstro, usariam de toda a
tecnologia existente para assombrar
os hóspedes, sempre na última noite
em que dormiriam na fazenda e assim, manteriam viva as lendas,
afastariam possíveis compradores e invasores de terra;
-
Todos manteriam em segredo o plano.
Enfim,
João Pedro Emiroglu pôde descansar em paz! A terra que ele tanto amou e pela qual tanto lutou, permaneceria na
família por mais 70 gerações. Lá do céu, abençoou os seus
descendentes!
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