sábado, 24 de novembro de 2018

Antes de “P” ou “B” escrevemos a letra “M”.

         
                Que a educação pública  brasileira, deixa muito a desejar é fato indiscutível, porém, não há perspectiva de melhora a curto  e médio prazo, não por falta de esforços do governo que oferece condições mínimas para  garantir o acesso  à escola da população carente. Os educandos da zona rural  e de bairros afastados, têm garantido o   transporte, verdade seja dita, em ônibus  precários; recebem uma refeição  equilibrada, livros novos a cada  três anos e não estudam, e pior, não querem aprender. Quando algum  professor novato, que ainda tem forças para dar murro em ponta de faca, tenta abrir a  mente de seus pupilos, na vã tentativa de fazê-los compreender a importância do saber, é   obrigado a ouvir: - “Pra que eu preciso saber disso para tirar leite de vaca, trabalhar de empregada doméstica,  na varrição de rua,  balconista?” A lista  é grande  de  profissões essenciais  para a sociedade, porém, mal remunerada  e sem qualificação exigida as quais eles acreditam, conseguirão uma vaga e executarão bem a tarefa, desde é claro, que não seja preciso ler  ou escrever.
            Uma artesã, analfabeta funcional,  executa com maestria  o seu ofício, desde que não lhe seja exigido a escrita, porém, uma dia aconteceu, de  uma cliente querer uma peça  com a marca da cidade, com dizeres simples: "Lembrança de   Tiradentes",  para  levar de souvenir para  uma amiga,  neste momento,   ficou evidente, a falha em sua educação escolar.
            Ao retornar à feira de artesanato para buscar  a encomenda, a cliente teve uma desagradável surpresa: Trabalho feito com esmero, porém, ao bordar a palavra “ lembrança” a artesã  esqueceu  uma regra básica da  língua  portuguesa  que antes de P e B se escreve M. Ao notar  o erro, a freguesa  fica sem saber que atitude tomar: recusar  levar a peça em virtude do erro?  Diante da humildade da Senhora,  faz rápidos cálculos mentais e decide agir com o coração efetuando a compra ciente de que, para  artesã, foram horas de trabalho e talvez a única venda do dia, porque, com a oferta de produto importado barato  e de qualidade duvidosa, as pessoas  ávidas por economia,  não analisam a relação custo/benefício,  desprezam a beleza e a qualidade da tradição de seu país. Ao contrário do que muitos estudantes pensam, aprender a norma  padrão da língua materna é necessário até para uma artesã!
           
           

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