Que a educação pública brasileira, deixa muito a desejar é fato
indiscutível, porém, não há perspectiva de melhora a curto e médio prazo, não por falta de esforços do
governo que oferece condições mínimas para
garantir o acesso à escola da
população carente. Os educandos da zona rural e de bairros afastados, têm garantido o transporte, verdade seja dita, em ônibus precários; recebem uma refeição equilibrada, livros novos a cada três anos e não estudam, e pior, não querem
aprender. Quando algum professor novato,
que ainda tem forças para dar murro em ponta de faca, tenta abrir a mente de seus pupilos, na vã tentativa de fazê-los
compreender a importância do saber, é obrigado a ouvir: - “Pra que eu preciso saber
disso para tirar leite de vaca, trabalhar de empregada doméstica, na varrição de rua, balconista?” A lista é grande de profissões essenciais para a sociedade, porém, mal remunerada e sem qualificação exigida as quais eles
acreditam, conseguirão uma vaga e executarão bem a tarefa, desde é claro, que não
seja preciso ler ou escrever.
Uma
artesã, analfabeta funcional, executa
com maestria o seu ofício, desde que não
lhe seja exigido a escrita, porém, uma dia aconteceu, de uma cliente querer uma peça com a marca da cidade, com dizeres simples: "Lembrança de Tiradentes", para
levar de souvenir para uma
amiga, neste momento, ficou
evidente, a falha em sua educação escolar.
Ao
retornar à feira de artesanato para buscar a encomenda, a cliente teve uma desagradável
surpresa: Trabalho feito com esmero, porém, ao bordar a palavra “ lembrança” a artesã
esqueceu
uma regra básica da língua portuguesa
que antes de P e B se escreve M. Ao notar o erro, a freguesa fica sem saber que atitude tomar: recusar levar a peça em virtude do erro? Diante da humildade da Senhora, faz rápidos cálculos mentais e decide agir
com o coração efetuando a compra ciente de que, para artesã, foram horas de trabalho e talvez a única
venda do dia, porque, com a oferta de produto importado barato e de qualidade duvidosa, as pessoas ávidas por economia, não analisam a relação custo/benefício, desprezam a beleza e a qualidade da tradição
de seu país. Ao contrário do que muitos estudantes pensam, aprender a
norma padrão da língua materna é necessário
até para uma artesã!
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