segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Sandálias havaianas – se perderam nas ondas do mar



          Em 1962  foi criada a sandália havaiana, cujo nome  foi emprestado do. Havaí. O modelo foi  inspirado nos “zori” japoneses, tradicionais chinelos de dedos ,  feitos de  palha de arroz e a   textura característica da sandália havaiana teve como fonte de inspiração o grão de arroz. Por ser um produto bom e barato, caiu no gosto popular  e não há um  brasileiro que não tenha  um par,  é como uma tradição de família, é preciso ter o seu par de havaianas para se sentir um brasileiro completo, afinal, legítima, só as havaianas,
          Um par de sandálias havaianas sempre é um presente que agrada em todas as idades e camadas sociais. A quem duvide que os ricos não  costumam  usá-las mas não é verdade,  na hora do banho, piscina, praia, cada um desfruta  do prazer de  usar o seu par.  Para o povo, ela é companheira inseparável, no trabalho e no lazer. A  infeliz e insatisfeita professora  Dulce ganhou o seu par e  personalizada com o nome da escola.
          Sendo havaianas, símbolo de qualidade, não jogou fora, nem repassou o presente, porém,  o belo par de sandálias ficou por anos, esquecidas na sapateira. Com a sonhada aposentadoria, Dulce abandonou a sua cidade natal e mudou-se para um minúsculo apto na orla da praia, pequeno sim,  mas com a vista  para o mar  o que lhe foi de grande valia,  o marulho pos fim a sua insônia crônica, -  o som das ondas é o melhor tarja preta,  costuma dizer. Todas as tardes, ela sai para o seu banho de mar com o seu maiô vermelho e , nos pés, as havaianas.
          Em uma linda tarde de primavera, caminhava ela distraidamente, observado o céu  que lentamente, ia se colorindo, e não percebeu quando deixou cair nas ondas do mar, o seu presente  do dia dos professores: o par de sandálias havaianas, o último elo com o seu doloroso passado  no magistério. Quando deu pela perca,  ergueu a cabeça e  seguiu  descalça até o seu apto, feliz por ter entregue ao mar o último vestígio do trabalho que lhe matou lentamente, lecionou apenas porque precisava do dinheiro ao final do mês. Em seu coração, cheio de dor e humilhações sofridas no exercício da  função, guardou   espaço  para  gratidão ao estado por não ter preconceito e empregar a todos que passam com boas notas em concursos. Já idosa, agora, com o seu novo par de sandálias havaianas, ela observa  as ondas do mar e, mentalmente envia o meu pedido secreto:  Oh! Mar traga-me um grande amor!



Nenhum comentário:

Postar um comentário