segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Moradores de rua


O inverno chegou! Somente  alguns segmentos da sociedade ficarão felizes, como a indústria  da moda que assim que a temperatura começa a baixar, retiram do depósito as sobras do ano anterior e  para limpar estoque velho, fazem promoções com o objetivo de abrir espaço para as novas coleções, e claro, aumentar os lucros sempre. Fabricantes de aquecedores, cobertores também comemoram o  aumento das vendas. Porém, a maioria da população deseja o fim da estação  porque o corpo pede uma alimentação mais pesada e quente, mais agasalhos. As despesas aumentam e não existe   um salário extra de inverno, a única alternativa  é se virar com o que tem e  acostumar-se com os lamentos do estomago a pedir sempre mais alimento a movimentar o corpo na tentativa de aquecer-se.
          Os moradores de rua sofrem mais com a ferocidade do inverno. Deitados  nas calçadas, com os seus fiéis cachorros, alguns privilegiados possuem colchões, outros apenas ralos cobertores e há aqueles que somente dispõem de papelões para  os proteger do frio do cimento e das impiedosas rajadas de ventos do sul. Nesta situação, o alimento não é  prioridade, mas o calor do sol, mal ele aponta no horizonte, recolhem seus pertences e ficam parados, recebendo os gêneros raios solares, como se fossem  carinhos de  mãe. Com os ossos já aquecidos, começam  uma nova luta, a de procurar alimento. A refeição matinal depende da caridade alheia e do desperdício das pessoas, e revirar os lixos é preciso para  matar a fome e nesta triste caminhada, se expõe ao  sol, na vã tentativa de reter, no corpo, o calor do astro  rei para conseguirem  sobreviver às madrugadas geladas.
          Observar   a miséria alheia para algumas pessoas é  um momento de agradecimento a Deus pelo trabalho, saúde, moradia, família, amigos, já para outros,  é uma oportunidade  para exercer  um dos preceitos bíblicos,  “caridade” de ajuda aos pobres, seja com um pedaço de pão, agasalho, orientação  ou palavras de  conforto e para outros grupos, são apenas um  empecilho em seu caminho.  É difícil saber  como um ser humano chega  a perder tudo e viver como um cachorro sem dono pelas ruas, sentir suas dores, mais ainda, mas com vontade política e cooperação dos munícipes é possível melhorar  a condição de vida destes filhos de Deus, tão necessidades. Sejam quais foram seus erros, eles merecem uma chance para resgatar a sua humanidade.

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