Economia é a palavra que está presente
na boca de todos os trabalhadores brasileiros, e foi pensando em economizar
alguns reais que Charlene optou em
viajar em um ônibus fretado para a capital com o objetivo de participar
de um congresso. Uma colega do curso
responsabilizou-se pela organização do transporte e a já veterana em excursões
não se preocupou com o fato da
organizadora não ter-lhe pedido o número dos documentos para a lista da viagem,
por acreditar que havia solicitado—os junto à secretaria. Tudo parecia bem e
ela estava ansiosa para ampliar o seu
leque de amizades e conhecimento, ficou feliz com a carona
que a deixou no posto de gasolina às cinco horas da manhã, onde esperaria
a turma e lá ficou quase a
congelar de frio e medo até a chegada
dos colegas, que felizmente, não demoraram.
Charlene não se preocupou quando um ônibus
com propaganda de um grupo étnico parou
no posto, pensou que fosse abastecer,
porém, ouviu os gritos dos colegas
chamando-a para que não atrasasse a
partida. Adentrou e logo a primeira preocupação: não havia cinto de segurança e as janelas estavam emperradas e pela fresta, um
vento frio soprava que fez sofrer todos os passageiros até chegarem ao destino comum, com uma hora de antecedência, o
que a fez pensar que o motorista adiantou a viagem para fugir da fiscalização em rodovias, que acontece
principalmente, em horário comercial. Agradeceu ao santo padroeiro dos motoristas, São Cristóvão,
por terem chegados sãos e salvos e quando pensou, que
finalmente poderia se aquecer um pouco, a entrada não foi permitida porque a orientação era que os participantes
somente poderiam dirigir-se ao anfiteatro no horário marcado
na ficha de inscrição e, assim, em uma temperatura de 10º Celsius, neblina e
vento, durante uma hora, todos os
congressistas permaneceram de pé, na calçada. Após o suplicio,
felizmente foram recebidos com um farto
e saboroso lanche, palestras interessantes e assim findaram as horas e
chegou o momento de retornar.
Ao ver o ônibus, Charlene sentiu um
arrepio de medo, mentalmente, pediu a proteção
de São Cristóvão e Nossa Senhora da Guia e sem disposição para sofrer com o
vento que atingia principalmente os últimos assentos, alegou
ser a primeira a descer e para agilizar, ficou acertado que iria na primeira
poltrona. Apesar do cansaço, não conseguiu sequer dar cochilo com medo de algum acidente porque o motorista
dirigia, fumava e falava ao celular, consultava o whatsApp,
retornava mensagens, fazia ultrapassagem perigosas, em curvas acentuadas e
para piorar a situação, foi avisada que
seria deixada em outro ponto, em outro
bairro, junto a outra colega que se prontificou a ficar com ela até a chegada
do motorista do aplicativo e, claro, a
economia com a carona da manhã, foi para
pagar a corrida, que ficou bem mais cara. Já quentinha em sua cama, Charlene,
mais uma vez agradeceu aos santos protetores e jurou nunca mais viajar com os colegas de turma.
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