Com o
passar dos anos e a inevitável perda de
parentes e amigos, faz nascer no coração
das ovelhas desgarradas da família, um desejo imenso de retornar aos antigos
caminhos trilhados segurando a mão
protetora dos pais. Após mais de
trinta anos de ausência, rever os
familiares causa calafrios. O cheiro da terra, o frescor dos
ventos, o sol escaldante, continuam os mesmos, isto é uma verdade
incontestável, mas e as pessoas? Quem são elas hoje? Certamente, não
são as mesmas que estão nas lembranças permeadas de afeto e saudade.
Pensar em
rever à terra natal veem a tona as iguarias do passado. O cheiro do alho, do
torresmo, e do indiscreto bolo de casca de
laranja, cujo aroma anunciava a toda vizinha que a mesa do café da tarde era farta. Não há como lutar contra a
invasão dos cheiros e sabores do passado, e também da gentileza dos anfitriões insistindo para comer mais um pedaço porque "saco vazio não para de pé" diziam
sorrindo.
O tempo
passa para todos e nos anos de árdua luta pela sobrevivência as relações
familiares são negligenciadas, e quando, finalmente, a pessoa sai do mercado de trabalho e sem condições financeiras para investir em novos cursos, viagens
internacionais, inevitavelmente, desejam
voltar às origens, não pela hospedagem grátis, mas porque finalmente entendem
que nada é mais importante do que as
relações parentais e afeto é necessário em todas as fases da vida; também porque o melhor lugar para o repouso eterno do
corpo cansado é o lugar onde a vida começou.
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