sábado, 1 de janeiro de 2022

Tristeza amiga

               

            Estou triste!  Parece até pecado  admitir  minha tristeza, estando viva,  alimentada e  segura no aconchego de meu lar, enquanto tantos estão desabrigados  em virtudes do excesso de chuvas e outros porque foram despejados em decorrência da perda de emprego; todos assustados e famintos. As  feridas decorrente da pandemia ainda não foram cicatrizadas e mais uma tragédia assola o país, e como sempre, recai de forma mais dura sobre os mais pobres.

            Estou triste porque sofro com  as mazelas alheiras e também, porque  tenho o privilégio de uma vida  longa e com ele, ônus da solidão. A maioria dos entes queridos  já partiram para a   pátria celestial e  as novas gerações, cada uma seguiu o seu caminho e os laços de afetos foram rompidos e neste final de ano,  constatei a dura realidade: não sou lembrada   pelos familiares, não faço falta para ninguém.

            Recordo os versos de uma canção “ Sem motivo vou vivendo por  aí por viver”

Assim está a minha vida, sem um propósito na vida, com a rotina resumida  em ir ao banco receber o dinheiro da pensão, fazer as compras do mês e pagar as contas, e esperar o lento passar das horas.  A virada do ano foi solitária, preparando comidas tradicionais, sem tem um familiar para compartilhar os prazeres da mesa e a magia do alvorecer da  esperança e sem ter condições físicas e financeiras para  preparar e levar marmitas aos moradores de rua. Nada é mais triste do que não ser útil e  importante para alguém.

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