Estou triste! Parece até pecado admitir minha tristeza, estando viva, alimentada e segura no aconchego de meu lar, enquanto tantos estão desabrigados em virtudes do excesso de chuvas e outros porque foram despejados em decorrência da perda de emprego; todos assustados e famintos. As feridas decorrente da pandemia ainda não foram cicatrizadas e mais uma tragédia assola o país, e como sempre, recai de forma mais dura sobre os mais pobres.
Estou triste porque sofro com as mazelas alheiras e também, porque tenho o privilégio de uma vida longa e com ele, ônus da solidão. A maioria dos entes queridos já partiram para a pátria celestial e as novas gerações, cada uma seguiu o seu caminho e os laços de afetos foram rompidos e neste final de ano, constatei a dura realidade: não sou lembrada pelos familiares, não faço falta para ninguém.
Recordo os versos de uma canção “ Sem motivo vou vivendo por aí por viver”
Assim está a minha vida, sem um propósito na vida, com a rotina resumida em ir ao banco receber o dinheiro da pensão, fazer as compras do mês e pagar as contas, e esperar o lento passar das horas. A virada do ano foi solitária, preparando comidas tradicionais, sem tem um familiar para compartilhar os prazeres da mesa e a magia do alvorecer da esperança e sem ter condições físicas e financeiras para preparar e levar marmitas aos moradores de rua. Nada é mais triste do que não ser útil e importante para alguém.
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