segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Sobrinhos e dores

                           Com o decorrer dos anos, o coração das pessoas vai acumulando  tudo o que amou na vida, o lugar onde nasceu, com suas lindas montanhas, os rios caudalosos,  as brincadeiras    infantis,  o colo macio da Vovó, o abraço apertado  do  Vovô e, à medida que os anos vão  passando, novas coleções  de bons momentos são guardados com muito carinho, com a chegada dos sobrinhos, renasce a fé na vida, o orgulho de pertencer, exatamente, a esta família. Mas, sobrinhos, não trazem  somente alegria,  com eles, chegam também a decepção, preocupação,  e até um choque  emocional.
          Já na infância,  dominam melhor que  os adultos as novas tecnologias, e vivem uma outra realidade virtual, que a família desconhece, não percebe  ou finge não saber, para evitar problemas, pois quando estão com o celular em mãos, esquecem até das principais  refeições. Assim, para evitar os pequenos atritos diários, comuns em casas com crianças, os responsáveis  não dão à atenção devida ao rebento e vão  formando, sem querer, personalidades difíceis de conviver em sociedade, no mundo real,  porque no virtual, deletam tudo que lhes desagradam, sentem que têm o mundo na ponta do polegar. A tia, que  pensava que era a querida, fica em estado de choque, ao acessar as redes sociais e  conhecer o outro lado do sobrinho amado.
          Ao entrar em suas redes sociais, a tia percebe com alegria que tem mensagem do sobrinho caçula, com apenas  11 de anos de idade, e quase sofre um enfarto ao ler o que ele escreveu: Feia, velha, horrorosa   e algumas obscenidades  impróprias  à faixa etária e que não podem ser escritas em um blog , que  respeita os seus leitores.  Abalada ela não sabe o que fazer! Comunicar os país? Falar com ele?  Enquanto  medita sobre  qual a melhor atitude, diante do fato, faz o que é possível no momento: Excluir,  ignorar e abrir espaço em seu coração  para armazenar   preocupação e decepção.

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