Que as
tecnologias simplificam o trabalho,
encurtam distâncias não há como duvidar,
porém, tudo que é bom, tem o seu lado
ruim: A matéria prima finita e o
descarte que causa violento
impacto ambiental. Em 26 de fevereiro de
1982, uma sexta-feira, o Jornal: A folha de São Paulo, publicou uma matéria
intitulada: “ Sharp Lança o primeiro videocassete doméstico” Este
lançamento, completará singelos
36 anos e já está obsoleto, não sendo encontrados em lojas, e fitas para
alugar ou comprar, inexistem. Tornou-se
peça de colecionadores. E, quando a pessoa, que mora em uma cidade pequena,
cuja cultura local é barzinhos e
megafestas, possui um em bom estado de conservação, marca de qualidade, um acervo de 50 fitas, com temática de alto
nível, adequado às pessoas possuidoras
de uma cultura refinada, decide desfazer
destas relíquias? As dificuldades aparecem em questões de segundos. Vender?
Quem irá comprar? Valor? Descartada esta
possibilidade é tentar a segunda opção:
doação: Quem irá receber a preciosidade? Os cabos de entrada dele, são compatíveis com o
da televisão do receptor? Será que é possível encontrar adaptadores? Onde? E
quando, finalmente, consegue um destinatário, é hora de despedir-se daqueles
objetos que tanto lhe enriqueceram culturalmente.
Para a
despedir e também, atestar a qualidade
do acervo a ser doado, é necessário uma maratona de filmes; um final de semana
dedicado a rever as preciosidade, a
começar pela coleção Vídeo, de
incentivo ao turismo das principais
capitais europeias. A doadora, sente um imenso prazer em rever as belezas e curiosidades da moderna e tradicional Amsterdã, cidade que é uma síntese da cultura do país
e mundialmente conhecida pela
capacidade de acolhimento à todas as diferenças.
Lágrimas descem suavemente em seu
rosto, ao rever a fascinante beleza de Veneza, a moradia do amor, com suas
máscaras carnavalescas e fortes
gondoleiros a transportar turísticas extasiado com o romantismo que exala dos
canais, da arquitetura típica.
A
consciência de que é preciso expandir o
seu pequeno universo , flui ao
rever a culta e histórica Berlim, cidade ideal para enriquecimento
cultural, lazer e, a fraqueza dos
turistas brasileiros: compras.
A
realização das fantasias de infância, oriunda dos livros de contas de fadas e
princesas veem à tona ao rever à austeridade
da majestosa Londres, com a sua troca de guardas impecáveis, uma espetáculo
que jamais será esquecido. A cidade exala nobreza, elegância e um desejo
imenso de passear em seus
parques.
Todos
os caminhos levam Roma, ou seja, Amor, quando lida de trás para
frente, já diz o ditado popular: Uma vida inteira é pouco para conhecer e
amá-la. A cidade eterna encanta com a sua tradição, seus pormenores, mil vezes reelaborada e sempre fascinante; lá repousa o corpo da
guerreira de dois mundos: Anita Garibaldi. Ah! Roma, como não sentir por você
um amor imenso!
Durante
a maratona de filmes culturais, a pipoca fica esquecida em virtude das fortes
emoções despertas pela caliente Madri, que encanta os
visitantes com suas touradas e noites alegres e festivas. Inesquecíveis!
Mistérios
e ciências se confunde no país das grandes pirâmides e da majestosa e enigmática Esfinge de Gizé. O Egito é um presente do
Nilo, disse o historiador grego, Heródoto. Cairo! Como não reverenciar o ancestral lar dos faraós?
Finda a coleção de incentivo ao turismo, inicia-se
a maratona cultural com os mestres da pintura europeia a começar com a gloria universal da pintura espanhola, personificada na pessoa
de Velázquez (1599-1660) cuja arte prima por equilíbrio e perfeição técnica.
O
gênio do autorretrato, o pintor e
gravador holandês, Mestre Rembrandt (1606- 1669), com um estilo artístico pessoal, fugiu sempre
das aparências das coisas. Fascinante fatura!
Que
olhos humanos podem resistir a claridade da composição das obras de Vermeer
( 1632-1675) sem se encantar?
Considerada por vários críticos como
as mais seletas da história da arte. É preciso ver para crer, no
que um artista com apenas pincéis e
tinta é capaz de fazer!
Ele
legou à posteridade, um trabalho impecável, oriundos de sua grandeza
técnica e dotes artesanias
aplicados às suas pinturas. É admirável como ele conseguiu descobrir em suas obras o significado e
qualidade oculta das coisas.
Há
quem diga que o polímata Leonardo
d’Vinci (14502- 1519) é a pessoa dotada
de diversos talentos de
todos os tempos e um pintor incomparável. Legou à posteridade
as raízes de grandes
invenções do futuro através de
seus esboços e anotações em escrita
reversa, com destaque para os desenhos de engrenagens
par mergulho submarino, ponte giratória, planador com asas, canhão de três canos, parafuso voador, a cidade ideal, datação geológica, o homem vitruviano, e também, a sua obra mais conhecida : A
célebre Mona Lisa. Segundo D’Vinci, suas mãos não atendiam a agilidade de seu cérebro.
Durante a maratona, uma pausa para a reflexão, a partir da obra do mestre do grotesco, precursor do
expressionismo e surrealismo, Bosch ( 1450-
1516), cujas obras parecem janelas
abertas ao inferno, e mostra de maneira cômica, a luta interna do homem, contra os seus demônios.
O
encanto e a saudade do campo, são despertadas quando aprecia a obra do mestre Brueghel ( 1525 – 1569). Seus pincéis
revelam o cotidiano dos camponeses do século XVI, percebe-se claramente o
carinho dedicado à aqueles que enfrentam chuva e sol, na labuta diária, e
graças a esta dedicação, a comida chega farta à mesa dos cidadinos.
Após
beber na fonte dos gênios da pintura ocidental, a doadora mergulha nas técnicas
artísticas, ensinadas por uma renomada
escola de arte italiana e revê as
técnicas de pastel, aquarela e grafite e
faz uma viagem virtual pela Terra Paulista, na região do Vale Médio do
Tietê e Vale do Paraíba, se emociona com as tradições da Semana Santa, Romaria de Bom
Jesus de Pirapora e muito mais e, para
relembrar os primeiros tempos no magistério, revê aquelas fitas, que no início
da carreira, inexperiente, sozinha,
deram-lhe boas diretrizes para seguir em frente.
Seu
coração solitário é invadido por uma saudade imensa da mais paulista de todas
as avenidas, a Av. Paulista, onde se encontra o maior museus da América Latina,
o MASP, ao rever a fita História da Arte – a partir do acervo do Masp- Idade Média e
Renascimento na Itália e a outra, que conta a história do Masp, museu
fruto da determinação do empresário
Assis chateaubriand, do conhecimento de Pietro Bardi e do pioneirismo da arquiteta Lina Bo Bardi. Belos tempos em
que visitava a Instituição e desfrutava
da agitada av. que não é Minas Gerais, mas quem a conhece, não esquece jamais.
As
últimas horas da maratona são dedicadas a reflexões sérias sobre a inclusão
educacional, a partir dos documentários:
1- Arte
educação- inclusão- possibilidades estéticas na diferença;
2- Aberturado
ano Ibero- Americano das pessoas com deficiência.
Para encerrar,
assiste à fita que lhe acompanhou durante décadas, que assistiu inúmeros vezes,
e, em todas elas, lágrimas desciam
silenciosas de seus olhos com a
comovente história de amor entre um menino e sua cadela. O filme: Lassie, com direção de Fred M.
Wilcox, é capaz de comover o mais duro dos corações e vale a pena assisti-lo,
nem que seja a única coisa poética, que
se faça na vida.
Após rever todas as fitas, sabendo que nunca mais beberá nesta fonte, a
doadora não está triste, porque entregou
o seu pequeno tesouro a um senhor, um trabalhador rural, cujo sonho de
infância era ter um videocassete, e por questões financeira, nunca conseguiu a
aquisição. Quanto às fitas, foram destinadas à sua
filha, recém-formada portanto, debutante, no magistério; Apenas reflete tristemente, que teve um
tesouro em mãos, e não conseguiu fazer
bom uso dele em sala de aula, em prol da ampliação do universo cultural
dos educandos; quiçá a recebedora seja mais bem sucedida que eu, suspira
tristemente, e com o coração repleto de alegria entrega a sua riqueza e surpresa! A gratidão
tipicamente caipira: Recebe do
destinatário, dúzias do fruto que representa a riqueza do cerrado- pequi.
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