Datas comemorativas fazem a felicidade apenas do comércio, crianças e namorados. Dia dos pais não fica de fora. Quando o rebento é pequeno, é um suplício! Mães e professoras providenciam material para a criança estampar uma camiseta com a marca dos pés ou mãos, e os coitados têm que desfilar o regalo para não ferir os sentimentos dos rebentos e se veem obrigados a fazer uso de um dos três Rs, o “reutilizar” e a peça carinhosamente trabalhada é rebaixada a pijama. Isto na melhor das hipóteses, já que na maioria das vezes, é um desenho, uma escultura em massinha de modelar, sem utilidade nenhuma e que fica em um canto qualquer acumulando poeira, ácaro e ocupando espaço até o dia em que uma boa alma joga tudo no lixo. Com o decorrer dos anos e as peculiaridades próprias da adolescência, o pobre chefe de família se vê obrigado a abrir um sorriso largado a cada cueca e par de meias novos no segundo domingo de agosto.
Criada a tradição, é difícil abandoná-la e quando os filhos já estão distantes, é a oportunidade anual de rever o genitor e levar-lhe um agrado, além da presença. Nesta fase, prioriza-se algo útil, do gosto do presenteado e principalmente de baixo custo. Ninguém admite, mas é a pura verdade. Os pais procuram oferecer o melhor presente aos filhos, fazem crediário, empréstimos consignados, não medem esforços para ver o sorriso de felicidade nos rostos dos pimpolhos, mas quando é a vez dos filhos presentearem seus genitores é o contrário, sempre procuram o mais barato.
Com o pai acamado em decorrência das agruras da velhice João Francisco decidiu que no dia dos pais compraria algo significativo pois talvez fosse este, o último presente que daria ao seu genitor e optou por um rádio portátil. Não teve dificuldades em encontrar bons produtos na internet e com preços bem convidativos. Escolheu um aparelho de 04 bandas, a energia e pilha e bem baratinho. Ao efetuar a compra, lembrou das idas e vindas do pai ao hospital e pensou na possibilidade da entrega chegar e ele estar hospitalizado, o produto seria devolvido, assim, achou prudente enviá-lo no endereço da cunhada aposentada e bastante caseira. Escolheu um site que oferecia a possibilidade da entrega ser feita a outro destinatário, efetuou o pagamento e esperou tranquilamente o momento do seu Velho voltar ao passado com um rádio de pilha, que outrora ele tanto apreciara, porém, esqueceu de comunicar a Senhora e pedir-lhe a gentileza de levar o presente ao sogro.Este foi o seu erro: Ao abrir a encomenda e deparar com um gracioso e pequeno rádio portátil, pensou que fosse um presente para o neto e entregou-o a criança. E o último dia dos Pais, o pai de João Francisco não ganhou nada de seu primogênito. Nem presente e nem presença!
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