Ao ser
concebida, a criança inicia o seu longo processo de dependência do outro. Ela depende da mãe para alimentar-se
e desenvolver perfeita e com saúde.
Tudo que necessita a progenitora lhe
fornece durante a gestação. Ao nascer,
ainda precisa dos cuidados maternos para
tudo e, na adolescência, em ímpetos de rebeldia, quando se acredita ser
autossuficiente, e aos gritos, diz aos
progenitores que não precisa deles para nada, nunca esteve tão enganada! Viver só é possível porque existe o próximo e o distante, que, mesmo
indiretamente é tão necessário quanto à
família, os amigos e os vizinhos. Exemplo: Para agasalhar o corpo, precisa-se do trabalhador rural que
plantou, cuidou, colheu e armazenou o algodão.
Dos funcionários dos transportes, das indústrias de tecelagem, fábrica de costura, lojas de varejo para que o produto
chegue até o consumidor, que, para adquiri-lo, precisa de dinheiro, oriundo do
seu trabalho, que para executá-lo, é
necessário que haja outra rede de pessoas e produtos, assim, viver é depender
do outro, do nascer ao morrer!!!
A jovem, que não percebeu que o ciclo de dependência mútua é real
e não fortaleceu laços familiares e de amizade, quando a velhice vai chegando
de mansinho, se vê obrigada a conviver
com a estranheza das poucas pessoas que
permaneceram ao seu lado e são de
extrema importância para auxiliá-los em
suas dificuldades típicas da última etapa da vida, quando os cincos sentidos vitais já estão desgastados.
É a fase do agradecimento! Agradecer a única
amiga que a recebe em seu lar e, em média, uma vez por ano, aparece para visitá-la,
simplesmente para bater um papo porque os outros encontros são para acompanhá-la ao oftalmologista, ao exame de endoscopia e demais
perrengues da idade. As
visitas sempre são traumáticas! As esquisitices da idade! Ela chega de mala e
cuia. Com a sua roupa de cama, comida e até água. É uma situação constrangedora
para a anfitriã, parece que a hóspede tem nojo de sua casa e suas coisas, mas não
há nada que se possa fazer; em momentos
de dificuldades, o orgulho é deixado de lado e os lábios somente conseguem
pronunciar um sonoro obrigada!
Há um ditado
popular que diz que: Colhe-se o que
planta. Nada mais verdadeiro! Quem não
semeou companheirismo e fidelidade, manteve bom
relacionamento com os familiares e amigos na juventude, invariavelmente,
no final de sua jornada terrena, irá colher solidão e
dificuldades para enfrentar as mazelas da velhice e, na impossibilidade de voltar no tempo e corrigir os erros, somente
resta ruminá-los, já que não tem ao seu lado, jovens a quem possa orientar e as
lágrimas são doravante, suas fiéis companheiras.
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