A leitura para as pessoas pobres corresponde às férias
dos ricos que viajam por vários países e conhecem costumes diferentes. Para viajar eles têm uma opção a altura de seus minguados recursos: A literatura, principalmente a épica que apresenta de maneira romanceada e leitura
fácil, a cultura de vários povos em diferentes épocas, e muitas jovens românticas e sonhadoras, que
tem ciência de seu destino, de não poder
usufruir do que lhe garante a Carta Magna brasileira, o direito de ir e vir, porque sabem que jamais terão dinheiro para viagem de lazer, dão asas a imaginação e
assim vão colorindo os seus dias
cinzas. Sárita, quando sua mãe implicava com o tempo dedicado aos livros, com expressão serena dizia. -Mamãe, leio para trazer um pouco de
cor a minha vida de carestia e tristeza.
A noite de réveillon, de 2015, passou com o carteira e a
despensa vazias e, para se distrair iniciou
a leitura de O Egípcio,
de Mika Waltari, escritor finlandês. Mergulhou profundamente na
trama, e na solidão de seu quarto,
discutia com os personagens, principalmente
com as patroas, que tinham o péssimo hábito, de quando zangadas, jogar água
quente nos pés dos escravos. Estava com fome, não tinha o que comer, foi ao
quintal e pegou algumas folhas de hortelã para fazer um chá e enganar o estômago.
Enquanto esperava a água ferver, revoltava-se este hábito antigo, para ela
desumano, de jogar água quente nos pés
dos escravos, que já sofriam com o calor do Egito, andando sempre com pés descalços. Talvez por distração, ou por
maldição das antigas mulheres egípcias, virou a chaleira com água fervendo em seus pés.
Por sorte, dias atrás, havia passado uma
reportagem na televisão, orientando como
proceder em caso de queimaduras domésticas até o socorro chegar, no caso dela,
nunca! Rapidamente mergulhou seus
pés vermelhos em uma bacia com água fria e assim permaneceu por quase uma hora,
até que parou de arder, e finalmente, ela pode dormir. Amanheceu 2015, e elas
com os pés vermelhos, inchados, mas sem bolhas e com grande expectativas que não
deixasse cicatriz.
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