Suavemente o inverno vai penetrando nos lares das pessoas. As abastadas não o estão sentindo muito, já os menos
favorecidos, procuram nos armários roupas mais quentes, preparam caldos na tentativa de se aquecerem. Idalina faz parte da massa popular com poucos recursos dispondo apenas de um cobertor. É sábado, a
manhã vai chegando e ela não se dispõe a
levantar e ir para a lida doméstica. É órfã, foi criada em um orfanato e agora,
já adulta, mora sozinha em um minúsculo
apartamento, que não recebe os raios de
sol pela manhã.
Enquanto espera a coragem para
enfrentar o frio matutino, medita sobre o
comportamento dos colegas de trabalho, principalmente os seus superiores
e no avanço das reflexões, as ideias vão
clareando e ela vai dolorosamente
percebendo que o esforço, dedicação e ética profissional não são bem vistos
pelos companheiros de luta. A sua aprovação em primeiro lugar em um
concurso público, é motivo de especulação. A sensação que ela tem é que
eles estão esperando ansiosamente pela sua
demissão e pelo retorno da antiga funcionária, que atualmente trabalha
em outra empresa. Em todos os eventos, como um simples café especial, em
homenagem ao Dia das Mães, ela é
convidada, festa de confraternização, é
presença garantida.
Idalina espera angustiada pela sua merecida nomeação. Não pelo medo do novo,
de não ser aprovada na perícia médica, mas para se livrar de vez
da rejeição velada de seus colegas de
trabalho que ignoram sua presença na
sala de café e o mais doloroso, se Idalina puxa conversa, respondem com
monossílabos ou se fazem de surdos. Ela suporta tudo silenciosamente porque precisa trabalhar, é
sozinha no mundo. Os colegas de orfanato cada um seguiram seu destino, o contato se perdeu, família nunca conheceu
porque foi abandona em uma caçamba de lixo de construtoras. Desde o nascimento
pode contar incondicionalmente apenas com a sua companheira inseparável: A
solidão!
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