Para aqueles,
que não acreditam piamente na famosa
frase do pai da química moderna, Antoine
Lavoisier “ Na natureza nada se cria,
nada se perde, tudo se transforma”; a morte é a única certeza que o ser humano tem. A maneira de
lidar com a perda, o funeral e o
luto varia de acordo com a crença de
cada povo, desde o simples enterro em cova rasa, envolto em uma mortalha
simples até a sofisticados processos de mumificação e a inusitada técnica de
plastinação criada pelo artista e cientista alemão Gunther Von Hagens, em 1977. Para
submeter a este procedimento, os corpos tem que ser doados em vida e com a
especificação, se para fins de estudos ou artísticos. Mesmo com as regras bem
claras, a plastinação ainda levanta calorosos debates religiosos, éticos,
morais e legais.
Embora a
morte seja um processo natural, existem pessoas que não são capazes de chegar
perto de um caixão, e, quando são obrigadas, por dever moral e política da boa
vizinhança, fazem uma visita rápida,
cumprimentam os parentes expressam os seus
mais profundos sentimentos de pêsames e correm para casa, tomam banho da
cabeça aos pés e a roupa, direta para a máquina de lavar, como se estivesse
lavando a morte de sua vida e, por várias
noites, dormem com a luz acessa, com medo da aparição do falecido. Enquanto uns se apavoram em velórios, para outros, é como um
passeio, um momento oportuno para rever os parentes e amigos, fazer novas amizades
e atualizar-se dos últimos acontecimentos da vida de todos, já que as informações
oriundas das redes sociais são superficiais e no corre e corre do dia-a-dia e
alto custo de transportes, não é possível visitas rotineiras, como antigamente.
Tatiana faz
parte do rol das pessoas que tem paúra de velório e costuma dizer que somente irá
ao seu enterro, já que, como personagem principal, não poderá faltar. Mas os
caminhos da vida, nem sempre são os que a pessoa traça e, às vezes, é necessário
fazer uma curva inesperada e dolorosa. Foi o que aconteceu! Com o falecimento da irmã, do Seu Juca, seu
vizinho, a quem devia inúmeros favores, foi obrigada a vencer o medo e prestar solidariedade à família enlutada. Foi
uma experiência dramática! E não é necessário dizer que até hoje está hospedada
na casa de uma amiga, já que não tem coragem de ficar sozinha à noite.
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