quarta-feira, 16 de outubro de 2024

A nora desonesta

 

Era uma vez, numa pequena cidade chamada Vila Esperança, um senhor chamado Seu Joaquim. Ele era um homem idoso, muito querido por todos, e vivia tranquilamente em sua casinha rodeada de árvores frutíferas. Seu Joaquim, que já tinha trabalhado a vida inteira, guardava suas economias com muito carinho, pensando em viver seus últimos anos com tranquilidade.

Seu Joaquim tinha um filho, Carlos, que era casado com uma moça chamada Isabel. Isabel, sempre muito ambiciosa, sonhava em abrir uma loja de roupas e, especialmente, uma loja de lingerie. Ela acreditava que esse negócio a tornaria muito rica e famosa. Carlos, que trabalhava como mecânico, apoiava os sonhos da esposa, mas sabia que eles não tinham dinheiro suficiente para abrir a loja.

Um dia, Isabel teve uma ideia desonesta. Ela sabia que Seu Joaquim guardava suas economias em um cofre, no quarto. Sempre que visitava o sogro, Isabel aproveitava a distração dele e, pouco a pouco, começou a pegar pequenas quantias de dinheiro, acreditando que ele nem perceberia. A cada semana, Isabel tirava mais e mais, até conseguir o suficiente para abrir sua tão sonhada loja de lingerie.

A loja abriu com grande entusiasmo. Isabel decorou o espaço com cores vibrantes e belas vitrines. No início, as pessoas da cidade visitavam, curiosas para ver o novo negócio. Mas logo Isabel percebeu que administrar uma loja não era tão fácil quanto imaginava. Ela não sabia controlar as despesas, pagava fornecedores errados e acabava perdendo clientes por falta de organização.

Enquanto isso, Seu Joaquim começou a notar que suas economias estavam sumindo. Ele não sabia o que estava acontecendo, mas confiava que sua família cuidaria bem dele, então ficou em silêncio. Infelizmente, ele adoeceu gravemente e, alguns meses depois, faleceu, deixando todos muito tristes.

Após a morte de Seu Joaquim, Isabel continuou com a loja, mas sem o dinheiro furtado, ela não conseguiu manter o negócio de pé. Logo as dívidas se acumularam e a loja faliu. Isabel ficou arrasada, não só por perder o que tanto desejava, mas também por carregar o peso de sua desonestidade. A culpa a seguia como uma sombra, e ela sabia que havia cometido um grande erro.

Carlos, que sempre fora honesto e trabalhador, ficou desapontado ao descobrir o que Isabel havia feito. Ele explicou para ela que o caminho da desonestidade nunca traz bons frutos, e que construir algo com base em mentiras e roubos só leva à tristeza e ao fracasso.

Isabel aprendeu uma lição muito valiosa. Ela entendeu que, se tivesse pedido ajuda ao sogro ou trabalhado duro para economizar, teria conquistado seus sonhos de forma honesta. Ela passou a se dedicar a causas que ajudavam idosos e a ensinar outras pessoas sobre a importância da honestidade.

E assim, a história de Isabel e Seu Joaquim serviu de exemplo para todos em Vila Esperança. Afinal, como dizia Seu Joaquim: “O que vem fácil, vai fácil. Mas o que é construído com honestidade e trabalho, permanece para sempre.”

A loja que nao durou

 

Era uma vez uma mulher chamada Clara, que sonhava em ter uma loja de lingerie. Ela era nora de um idoso muito gentil chamado Seu Alfredo, que já estava bastante frágil com a idade, mas sempre foi generoso com todos ao seu redor. Clara, no entanto, não tinha paciência para pedir ajuda. Ela achava que o jeito mais rápido de realizar seu sonho era desonesto.

Certo dia, Clara começou a pegar pequenas quantias de dinheiro do cofre do Seu Alfredo sem que ele soubesse. Pouco a pouco, ela juntou uma quantia grande o suficiente para abrir sua loja de lingerie. Ela estava animada, acreditando que agora seria uma empresária de sucesso.

No início, a loja parecia promissora, com clientes visitando e elogiando seus produtos. Mas Clara não sabia como administrar um negócio. Ela gastava mais do que ganhava e, aos poucos, a loja começou a ter problemas. Clara tentava disfarçar, mas o estresse tomava conta.

Então, veio um dia triste: Seu Alfredo faleceu. Clara, além de lidar com o luto, percebeu que sem o apoio e a confiança que o sogro lhe dava, tudo ficou ainda mais difícil. A loja, que já estava com dificuldades, faliu completamente. Clara ficou sem nada, nem loja, nem a confiança das pessoas ao seu redor.

As crianças da história aprenderam uma grande lição: Clara descobriu tarde demais que a desonestidade não leva a lugar algum. Se tivesse pedido ajuda, trabalhado duro e agido com honestidade, talvez as coisas tivessem sido diferentes. O sonho dela desmoronou porque foi construído sobre mentiras e traições. E assim, as crianças souberam que a honestidade e o trabalho duro são os verdadeiros caminhos para o sucesso.

E a história de Clara serviu de exemplo para muitos na cidade: desonestidade pode até trazer algo por um tempo, mas nunca dura, e sempre acaba trazendo sofrimento.

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Esperança silenciada

 Amanheceu um dia comum, mas o peso no meu peito anunciava que as coisas não seriam fáceis de digerir. A apuração já havia terminado, e as ruas, agora silenciosas, pareciam refletir o vazio que senti ao descobrir o resultado. Era como se a cidade inteira estivesse em um luto silencioso, o luto por uma oportunidade perdida, uma esperança que se esvaiu com o soar do último voto computado.

O candidato que tanto me empenhei em apoiar não venceu. Não por falta de preparo, de vontade ou de ética. Pelo contrário, ele tinha todas as qualidades que buscamos em quem deveria nos representar. Conhecia de perto as necessidades da região, tinha a confiança de quem realmente poderia fazer a diferença. Mas isso, aparentemente, não bastou. Não foi o suficiente. E o que restou foi uma sensação amarga, um desalento difícil de descrever.

Fico pensando no que leva uma cidade a se render ao mais despreparado dos candidatos. No que faz as pessoas escolherem o caminho mais curto, mais barato, mas também mais sombrio. No fim, foi isso: o preço de um voto valeu uma cesta básica, um alívio imediato, que vai saciar a fome de um dia, talvez dois. E depois? Depois, a fome volta. Mas quem poderia trazer algo mais duradouro, quem poderia garantir o futuro de todos, ficou para trás.

É triste ver como o preparo e o conhecimento foram derrotados pela compra descarada de votos. Cada cesta distribuída, cada promessa vazia, cada sorriso cínico, valeram mais do que seis leitos de UTI que poderiam salvar vidas. Cada mão estendida em troca de migalhas deu as costas para uma chance real de mudança.

E agora, só resta a tristeza de ver a cidade escolhendo a continuidade do abandono. A vida segue, mas para quem se preocupa, para quem acreditava na possibilidade de dias melhores, o desânimo pesa. A frustração de ver a ética e a honestidade serem vencidas por estratégias tão sujas é difícil de suportar. E o pior é saber que, ao longo dos próximos anos, essas decisões vão nos assombrar, silenciosamente, a cada falta de atendimento, a cada sonho de desenvolvimento enterrado.

No fim, o que restou foi o silêncio das urnas e o eco de uma esperança sufocada.

domingo, 6 de outubro de 2024

A Dança das Eleições e o Destino do Futuro


As eleições, sempre envoltas em sua complexidade, se assemelham a uma dança meticulosamente coreografada, onde cada movimento, por mais sutil que seja, pode alterar o curso do futuro. Em meio a debates, promessas e expectativas, o eleitor torna-se um dançarino nesse cenário cívico, equilibrando-se entre o peso de suas escolhas e o desejo de ver um país mais justo e próspero.

Assim como numa dança, onde o ritmo dita o andamento, as eleições seguem seu próprio compasso: os candidatos se apresentam, expõem suas visões e, como num bailado, procuram cativar a audiência. Mas, diferentemente de um espetáculo, onde o público apenas assiste, nas eleições, cada pessoa tem um papel decisivo. O voto é o gesto que quebra a passividade e transforma cada um em protagonista.

A cada ciclo eleitoral, a esperança de mudança se renova, mas também se impõe a responsabilidade. A escolha feita na cabine de votação vai além de uma simples marcação na urna; ela é um reflexo de valores, ideais e, sobretudo, de uma visão coletiva para o país. Em meio às divergências de opinião e às paixões que surgem, a essência da democracia reside no respeito à diversidade de pensamentos e na busca pelo bem comum.

O destino da sociedade, então, é moldado por essa dança entre os eleitores e os eleitos. É uma dança que requer paciência, discernimento e, acima de tudo, consciência. Pois, ao final, o que está em jogo não é apenas quem estará no poder, mas qual será o rumo que, juntos, como nação, decidimos tomar.

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

O misterioso desconto da Prefeitura

         Era uma vez, nas longínquas terras da burocracia brasileira, uma heroína. Sim, a nossa protagonista não enfrentava dragões, mas algo muito mais temido: o georreferenciamento das terras da família. A ordem vinha de cima, do governo, que com uma canetada mágica decretava que, sim, todos deveriam mapear suas propriedades ou enfrentar o temível exército de multas. E lá foi ela, com humildade e uma pitada de esperança, bater nas portas da prefeitura local.

Munida de paciência (que, convenhamos, era quase sobrenatural), ela explicou a sua situação. Queria saber, de forma educada e simples, quanto precisaria juntar para pagar o tributo pela atualização da área. O simpático atendente, que claramente estudou anos para se especializar em cara de tédio, consultou os pergaminhos da prefeitura e sentenciou: “Seis mil reais”. Um valor que fez o coração da heroína dar uma leve tremida, mas nada que o bom e velho planejamento financeiro não resolvesse.

Meses se passaram. Nesses intervalos, nossa heroína enfrentou algumas batalhas pessoais, com saúde fragilizada, mas jamais perdeu o foco. Conseguiu economizar, centavo por centavo, até reunir a quantia necessária. Agora, já que os deuses da saúde não estavam sendo generosos, pediu ao fiel contador para que fosse à prefeitura pagar a dívida.

E foi aí que a surpresa veio. O contador retornou com uma novidade de fazer qualquer um engasgar: o valor agora era de... três mil reais! Três mil! Como assim?! A área das terras não havia mudado. A heroína, com toda sua lógica imbatível, começou a questionar. Será que a alíquota havia diminuído misteriosamente? Algum decreto de última hora? Ou, quem sabe, um feitiço que só funcionava para quem enviava um homem à prefeitura?

A conclusão era inevitável: ou o georreferenciamento tinha poderes mágicos de ajustar preços conforme a pessoa que pedia o orçamento, ou talvez, apenas talvez, a simpatia masculina rendesse algum tipo de desconto oculto. E assim, com uma mistura de sarcasmo e resignação, ela aprendeu que na terra das tributações, o valor das coisas é tão flutuante quanto as justificativas dos atendentes.

Mas tudo bem. Afinal, se o preço da próxima vez fosse ainda menor, quem sabe ela começaria a enviar o cachorro para fazer essas simulações.