segunda-feira, 17 de julho de 2023

Relacionamentos descartáveis

        Solidão  é o meu nome e tristeza meu  sobrenome.  Na fila do Posto de Saúde, sem ter com quem conversar, enviar mensagem, telefonar, restou-me presta atenção naqueles que  tinham companhia e o assunto girava em torno das relações contemporâneas,  quando a solidão é a companheira fiel de todas as horas e justificavam à fala, com o argumento de que as relações atuais, são pautadas na substituição. Isto mesmo! Não olhamos para as pessoas como elas são, mas como gostaríamos que elas fossem, ou seja, pessoas idealizadas e que nos podem ter uma serventia,  e se em curto prazo, não correspondem às nossas expectativas, são substituídas rapidamente por outras, idealizadas, é claro.

          A fala abalou meus alicerces e mexeu com o cerne de meu  ser e constatei que eu  fui uma das pioneiras nesta prática de não lidar com as pessoas como elas são, com suas qualidades e defeito porque fazemos parte da família  humana. Não foquei meus relacionamentos em convivência, mas em ascensão profissional e esqueci que a aposentadoria  e velhice chega para todos  aqueles que  não ficaram  nas curvas da estrada da vida.

          O período laboral, ficou no passado, o tempo, antes escasso, agora sobra, os  dias são longos e  as noites intermináveis! Tantas  pessoas encantadoras deixei pelo caminho porque não  me serviam mais profissionalmente, e agora estou  convivendo com o meu desencanto pela vida. Falta dinheiro, energia vital,  relacionamentos sinceros e o mais doloroso,  não tenho  lembranças de  momentos  agradáveis  com pessoas queridas. Somente agora constatei que as lembranças são os antídotos  para as dores inerentes  à velhice, mas o estrago já está feito.

         

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