- Um ano e nada mudou em minha vida. Continuo dentro de casa, contando moedas, economizado o máximo que posso pois não sei quando tudo isto vai terminar. Idosos e comerciantes sendo sacrificados. Uns com o seu estabelecimento fechado, somando dívidas e impostos impiedosos, os outros, solitários, presos em seus lares sem o conforto da igreja, sem as suas consultas rotineiras em Postos de Saúde. Todo este sacrifício para que? Jovens irresponsáveis continuam se aglomerando, festejando sem nenhum tipo de cuidado e levando o vírus para o seio de sua família.
A vacina começou com os profissionais de saúde, o que certo, pois eles estão na linha de frente, na parte mais perigosa na luta contra o inimigo. Depois os mais velhos. Melhor seria se tivessem feito uma quarentena vertical onde os mais vulneráveis ficariam em casa e a classe trabalhadora, aquela que leva o contágio para casa fosse vacinada assim que terminasse os guerreiros da saúde.
No delivery mora o perigo. Os entregadores de aplicativos, ficam sentados nas calçadas, sem nenhum cuidado, aguardando novos pedidos, sem onde lavar as mãos, e com a pequena comissão que recebem, a possibilidade de andarem com álcool gel no bolso é pequena. E as notícias de pessoas que foram contaminadas, dentro de sua casa, em isolamento social, cresce a cada dia, sem as autoridades atentarem que o perigo está nas embalagens, na maçaneta da porta. A quarentena transmite uma falsa segurança porque o risco está em todos os lugares.
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