É surreal! Mas a televisão acabou se
tornando a melhor amiga de um alto percentual de idosos que não têm familiaridade com os celulares modernos
ou não possuem recursos para adquiri-los. Mesmo morando com os familiares, eles
continuam solitários porque as crianças,
os adolescentes e jovens adultos, não
desgrudam os olhos e as mãos dos aparelhos, como se os ciclos da vida dependessem unicamente deles e ficam à
espreita, prontos para darem o concluir,
em uma espera infinita e infundada, já que o planeta tem vida própria e segue o
seu próprio ritmo, independente das
invenções humanas.
O idoso que mora sozinho e vive de sua parca aposentadoria, que mal dá
para as despesas com alimentação e remédios não pode desfrutar de uma vida
social intensa e alegre que seja capaz de lhe estimular a enfrentar as limitação características da idade e socializar-se. Resta-lhe, apenas a
televisão aberta com seus programas de
entretenimento e jornalismo local que prioriza fatos desagradáveis como
assaltos, homicídios e desmandos políticos. E assim vai levando a vida,
refletindo sobre as decisões erradas que tomou conduzindo-o a uma velhice solitária
e pobre - Graças a Deus tenho a televisão, que me distrai, reflete!
Mas um dia, o inesperado a acontece! A
amiga de todas as horas, para de funcionar! Resta – lhe apenas o silêncio! Os primeiros dias são difíceis, parecem tão longos! Com o decorrer dos meses, a expectativa de economizar para pagar
o conserto ou comprar outra, acaba-se formando um outro laço de amizade, agora
com o silêncio! Nesta nova etapa da vida até o tic – tac do relógio chega a incomodar, se pudesse, jogaria - o no
lixo, mas sem televisão, ele é necessário
para não se perder completamente a noção do tempo. - É, televisão faz falta até para contar os dias da semana e
as horas do dia! Suspira resignado!
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