Na praça central da minha cidade, ergue-se um mastro altíssimo. Lá no alto, tremula altaneira a Bandeira Nacional, sempre presente, mas nem sempre notada. Hoje, 19 de novembro, ela parece ter despertado mais olhares, embora ainda resista em silêncio, como quem observa, paciente, o vai e vem apressado da vida.
Verde, amarelo, azul e branco. Cores tão familiares que, para muitos, tornaram-se banais. Mas, ali, ao encarar o movimento suave daquele tecido ao vento, percebo que a bandeira é muito mais do que um simples símbolo. É como um álbum de memórias tecido em seda e história, carregando as glórias, lutas e esperanças que nos trouxeram até aqui.
Lembro-me das aulas da infância, quando o hino ecoava nas manhãs de segunda-feira e a bandeira era hasteada sob nossos olhos infantis. Naquele tempo, o significado de "Ordem e Progresso" era um mistério, e as cores da bandeira, apenas um exercício de decoração nos cadernos. Hoje, cada linha, cada tom carrega um peso maior, refletindo as complexidades de ser brasileiro: as contradições, as riquezas culturais, a capacidade de recomeçar.
Penso também em como negligenciamos, às vezes, esse símbolo. Quantas vezes a bandeira fica esquecida, dobrada em algum canto, enquanto os desafios do dia a dia nos afastam do senso de pertencimento? É fácil perder de vista o que ela representa: não apenas um pedaço de tecido, mas uma conexão invisível entre milhões de histórias, passadas e presentes.
Neste 19 de novembro, minha reflexão é simples: respeitar a bandeira é, antes de tudo, respeitar a nós mesmos. Não é um gesto vazio ou cerimonial. É um lembrete de que, apesar das diferenças, existe algo que nos une. Somos versos distintos compondo um mesmo poema, e a bandeira é a métrica que dá ritmo à nossa identidade.
Ao final do dia, quando o sol se despede e a bandeira ainda tremula na praça, sinto um misto de orgulho e responsabilidade. Que o "Ordem e Progresso" inscrito nela não seja apenas uma promessa distante, mas uma construção diária. Afinal, a bandeira é nossa – e nós somos dela.