domingo, 17 de setembro de 2023

Fragilidade emocional

         

        À beira dos 80 anos de idade, mesmo tendo passado por inúmeros  processos de cura, toda vez que tenho que tomar  uma decisão, que irá interferir  na vida de outras pessoas, o velho nervosismo vêm à tona,  e eu me torno aquela menininha frágil que mendigava afeto dos genitores, e que  se humilhava, trabalhava feito uma mula de carga, sofria todas as injustiças apenas para ser notada.  Quase oito décadas, anos de terapia, dezenas de livros de autoajuda,  palestras e  apenas consegui adormecer  á frágil criancinha.

         Admito que investi tempo e dinheiro em  meu fortalecimento interior, porém, percebo que  consegui apenas uma  aparência de fortaleza. Sabe aquela história da carroça vazia, na qual o pai diz ao filho que  ela está fazendo muito barulho porque está vazia e completa: assim são as pessoas, quanto mais vazias, mais barulhentas,  os fortes são silêncios, focados, mostram o seu valor e ganham respeito pela competência profissional e sabedoria  em suas decisões e relacionamentos.

        O que estou me perguntando é:  porque eu não consigo me silenciar, falar apenas aquilo que precisa ser dito, intrometer menos na vida dos outros,  ser mais educada?   Hoje tenho uma reunião familiar  e terei que fazer um comunicado importante de uma atitude que tomei perante à família, estou nervosa, com diarréia, vômito, roendo unhas, como uma adolescente que vai fazer uma prova final, na qual precisa  tirar nota 9, para poder continuar com o namorico. Eu tenho bens materiais, boa renda mensal, não preciso financeiramente de ninguém, e não consigo me libertar desta fragilidade que consome os meus dias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário