À beira dos 80 anos de idade, mesmo
tendo passado por inúmeros processos de
cura, toda vez que tenho que tomar uma
decisão, que irá interferir na vida de
outras pessoas, o velho nervosismo vêm à tona,
e eu me torno aquela menininha frágil que mendigava afeto dos genitores,
e que se humilhava, trabalhava feito uma
mula de carga, sofria todas as injustiças apenas para ser notada. Quase oito décadas, anos de terapia, dezenas
de livros de autoajuda, palestras e apenas consegui adormecer á frágil criancinha.
Admito que investi tempo e dinheiro em meu fortalecimento interior, porém, percebo
que consegui apenas uma aparência de fortaleza. Sabe aquela história
da carroça vazia, na qual o pai diz ao filho que ela está fazendo muito barulho porque está
vazia e completa: assim são as pessoas, quanto mais vazias, mais
barulhentas, os fortes são silêncios,
focados, mostram o seu valor e ganham respeito pela competência profissional e
sabedoria em suas decisões e
relacionamentos.
O que estou me perguntando é: porque eu não consigo me silenciar, falar
apenas aquilo que precisa ser dito, intrometer menos na vida dos outros, ser mais educada? Hoje tenho uma reunião familiar e terei que fazer um comunicado importante de
uma atitude que tomei perante à família, estou nervosa, com diarréia, vômito,
roendo unhas, como uma adolescente que vai fazer uma prova final, na qual
precisa tirar nota 9, para poder
continuar com o namorico. Eu tenho bens materiais, boa renda mensal, não
preciso financeiramente de ninguém, e não consigo me libertar desta fragilidade
que consome os meus dias.
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